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Perda com turismo chega a R$ 50,4 milhões na região serrana do Rio após chuvas

Devastadas, as cidades da região serrana do Rio sofreram o esvaziamento de uma de suas principais atividades econômicas, o turismo: 95% das reservas até o fim de janeiro foram canceladas e 80% até o final do verão.

O setor contabiliza perdas de R$ 50,4 milhões só em faturamento dos hotéis e estima que a região só se recuperará completamente para receber turistas na temporada de inverno, no meio do ano.

O pior prognóstico é para o centro de Nova Friburgo. A maior atração, o teleférico, foi danificada, e hotéis tiveram desabamentos ou estão com o acesso comprometido.

"O maior problema é restabelecer a confiança do turista. Petrópolis e Teresópolis estão melhor e já dá para vender pacotes para o Carnaval. Mas Friburgo só estará preparada em julho", diz Alfredo Lopes, presidente da Abih-Rio (Associação Brasileira da Indústria Hoteleira).

Dono do teleférico e de um complexo turístico, Rodolfo Acri diz que suas perdas podem chegar a R$ 7 milhões se tiver de reconstruir o hotel, que ruiu parcialmente. "Só vou fazer as obras no teleférico e no hotel se tiver financiamento do BNDES."

Cidade que mais recebe turistas da região, Petrópolis diz ter registrado poucos casos de hotéis sem acesso.

Já Teresópolis diz que a região central e as áreas turísticas não foram prejudicadas. Diz que 74% da rede hoteleira já funciona normalmente.

Segundo Nilo Sérgio Félix, presidente da estatal TurisRio, a prioridade é dar assistências às vítimas e reconstruir vias e acessos. Só depois disso, diz, será feita campanha para atrair turistas.

TEMPORADA VAZIA

O clima era de desolação no hotel Vila Verde, um conjunto de 40 chalés de luxo em Nova Friburgo. Segundo a dona, Ana Lúcia Venturino Nassif, o local foi saqueado pelos próprios hóspedes na semana passada. "Só faço chorar. O hotel existe há 25 anos e nunca havia acontecido nada aqui antes, nem crime nem enchente", diz.

A perda também veio com o cancelamento de reservas, como uma convenção do Banco do Brasil programada para esta semana.

"A alta temporada é agora. Com essa destruição toda, não sabemos se o turismo vai voltar. O brasileiro esquece rápido, essa é a nossa esperança", afirma Ana Lúcia.

A alguns quilômetros dali, o hotel São Moritz, em Teresópolis, não foi destruído, mas ficou inacessível, suspendeu as reservas e virou um abrigo para 50 moradores desalojados.

Os restaurantes de Teresópolis também já sentem a queda do movimento de turistas após o temporal. O Enkai, de cozinha japonesa, demitiu os seus seis funcionários. Todo o serviço no estabelecimento agora é feito pela dona, Andréia Pires, o marido e os dois filhos.

INDÚSTRIA

Os prejuízos, porém, não se restringem ao turismo. A Firjan, a federação das indústrias do Estado, calcula perdas de R$ 153,4 milhões na produção, em matéria-prima e produtos estocados.

Segundo a entidade, 62% das indústrias sofreram com falta de energia, alagamentos, problemas de acesso, escoamento da produção e falta de funcionários.
O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, anunciou ontem em Nova Friburgo a criação de linha de crédito para que indústria e comércio se recuperem.

O governo federal também prorrogou os prazos para o pagamento de tributos federais e suspendeu os prazos de atos processuais da Receita Federal para os contribuintes dos municípios afetados: Areal, Bom Jardim, Nova Friburgo, Petrópolis, São José do Vale do Rio Preto, Sumidouro e Teresópolis.

MORTES

O número de mortos em consequência do temporal da semana passada chega a 710, segundo último balanço divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil.

De acordo com os dados, são 335 vítimas em Nova Friburgo, 292 em Teresópolis, 62 em Petrópolis e 21 em Sumidouro.

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