Na Copa da Alemanha ocorreu
que a maioria dos turistas aproveitou a oportunidade para
visitar outros países.
Campings ficaram lotados não só de motorhomes
mas de campistas que viajaram com suas barracas.
Espera-se que no Brasil a quantidade de turistas estrangeiros
seja muito expressiva, especialmente por via rodoviária.
As ligações com o Mercosul já estarão
duplicadas, a rodovia em construção ligando
o Brasil ao Pacífico, via Peru, estará finalizada.
A expectativa é que os jogos ocorram entre 10 a 14
cidades. No Brasil não há uma rede de transportes
públicos diversificada, como ocorre na Europa, o
que ressalta a especial relevância na utilização
de motorhomes para deslocamento pelo país.
Torcedores de outros países sul-americanos são
tão fanáticos por futebol quanto os brasileiros,
especialmente os jovens. Podemos avaliar o interesse que
esse evento despertará no país, bem como o
grande número de turistas estrangeiros que estarão
programando viagens para assistir os jogos.
Dificuldades a enfrentar
A principal questão: existem leitos
suficientes nas várias cidades para atender a demanda?
Dificilmente ocorrerá essa disponibilidade, pois
a expectativa é de uma demanda concentrada em curto
período e a construção de novos hotéis
e pousadas em número suficiente exigirá pesados
investimentos.
E quando a Copa acabar, como manter a ocupação
com rentabilidade?
Campings e albergues oferecem uma alternativa de menor investimento
e hospedagem econômica.
Precisa ser incentivada a construção de novos
campings, pois a rede existente no país é
insuficiente. Após a Copa, essa rede atenderá
à demanda de turismo econômico e ecológico,
tendência crescente no mundo. Sem dúvida, um
evento desse porte alavancará o interesse por essa
forma de turismo.
Outra séria dificuldade é a inexistência
do negócio de locação de motorhomes,
tão utilizado em vários países por
turistas nacionais e estrangeiros. Não existem locadoras
de motorhomes no Brasil. Para dirigir motorhomes no país
é exigida uma habilitação diferenciada
para motoristas - a mesma de condutores de ônibus
ou veículos de carga. É o único país
com essa exigência.
Conseqüência dessa exigência absurda é
que a fabricação de motorhomes ainda é
limitada e artesanal, não havendo produção
em série. A compra de um motorhome não é
de impulso, é um investimento que precisa ser discutido
com a família. Antes de qualquer decisão,
o cliente potencial busca alugar um veículo para
uma experiência e ambientação com a
família. Turistas estrangeiros costumam consultar
agências de viagens sobre essa forma descontraída
de viajar tão comum em outros países, mas
se decepcionam com a impossibilidade de fazê-lo no
Brasil.
Estamos a cinco anos e meio da realização
da Copa no Brasil, não parece, mas já é
AMANHÃ, considerando as medidas necessárias
para enfrentar todas essas dificuldades.
A ABRACAMPING tem acompanhado ativamente
a tramitação do projeto de lei que regulariza
a situação da habilitação de
motoristas de motorhomes e veículos que tracionam
trailers, que está há dois anos "pronto
para a Ordem do Dia" na Câmara dos Deputados,
mas não é votado por sucessivas obstruções
de pauta. Após intensivas negociações,
há uma expectativa de que o desfecho ocorra ainda
nesse semestre. Mas terá que voltar ao Senado e,
na melhor das hipóteses, no último trimestre
essa situação estará resolvida definitivamente.
Assim esperamos.
Os fabricantes de veículos de recreação
devem estar atentos para a janela de oportunidades que a
próxima Copa vai oferecer para o seu negócio,
desde que se preparem com antecedência. Locadoras
de automóveis devem começar a estudar esse
novo negócio, que nos EUA representa 300 milhões
de dólares anuais.
Em outubro deste ano, a FIFA definirá as cidades
brasileiras onde serão realizados os jogos da Copa.
Será a oportunidade para as Prefeituras e empresários
dessas localidades investirem em campings, equipamentos
turísticos de baixo custo em comparação
a outros meios de hospedagem, e que se constituirão
em suporte para o turismo local. A experiência mostra
que o turista não se limita à cidade dos jogos,
mas também busca visitar localidades próximas
ao evento. As Secretarias de Turismo devem considerar esse
condicionante para planejar uma rede de hospedagem econômica,
utilizando campings e albergues nos roteiros turísticos
de seus Estados.
A ABRACAMPING vem acompanhando os preparativos
do Ministério do Turismo para a Copa de 2014, com
o objetivo de que se estabeleçam condições
para a expansão da rede de campings no país.
O sucesso dessas iniciativas dependerá do planejamento
e esforço conjugado das autoridades de turismo e
dos empresários do setor de campismo e caravanismo.
Luiz Edgar Tostes
Diretor da ABRACAMPING
luiztostes@uol.com.br